Por Artur Paiva e Vitória Santos
Em mais de 30 anos de existência, AMARE já cuidou de milhares de crianças e adolescentes que, através da intervenção social realizada. Eles tiveram as vidas transformadas e seguiram rumo aos seus sonhos, que antes não tinham qualquer esperança de serem concretizados. Um bom exemplo é o caso de Francisco Raimundo Vieira Filho. Ele frequentou AMARE logo nos seus inícios, nos anos noventa do século passado.
Atualmente, Chiquinho, como é conhecido, mora em Canaã dos Carajás – PA e se tornou empreendedor autônomo de instalação elétrica. Nunca esqueceu do que viveu na AMARE. Ele participou da primeira turma de assistidos e lembra, com saudosismo, daquela época cheia de memórias alegres com os colegas.
“Naquele tempo tudo era mais difícil, até para chegar até a entidade, mas seu João passava no bairro para buscar a gente numa Kombi”. Conta o ex-aluno, que se surpreende ao ver o quanto a instituição cresceu e que transforma vidas até hoje.
Olhando para o parque da AMARE, Senhor Chiquinho se emociona quando se lembra que ajudou, com seus colegas, a plantar as primeiras mudas de cajueiros e acácias no local. Disse também que se aprendia a empreender, cuidar da horta e tinha curso de informática, tendo como professor o próprio João Alemão, gerente e fundador da instituição.
“Pessoas boas da Alemanha mandavam doações para nós. Recebíamos sapatos, roupas, etc. Tudo isso era levado para casa e às vezes era dividido com os próprios familiares. Pois, a situação era precária”. Relata Chiquinho, com lágrimas nos olhos, ao recordar da realidade em que vivia. E ainda disse: “Um dos momentos mais felizes, de que me lembro, era quando seu João liberava as crianças para banharem nos tanques de água (reservatórios de água para a horta, N.R.). Ali havia alegria”.
Em uma visita à nova infraestrutura ampliada da instituição em janeiro de 2023, ele conta como era a vida trinta anos atrás e quais atividades eram realizadas. “Tinha criação de galinhas nesses galpões que hoje foram transformadas em salas”. A avicultura era uma das atividades realizadas pela AMARE para poder saciar a fome da meninada. “E nós comíamos com muita fome e satisfação os frangos que nós criávamos.” Além desta atividade, ele se lembra de bordado e crochê no espaço em que se encontra o salão principal da OSC.
Chiquinho revela que os ensinamentos da instituição foram cruciais para seu desenvolvimento e que hoje está querendo passar estes ensinamentos para seus filhos e netos. Ele revela ter se tornado o que nunca imaginou através dos valores repassados pela instituição e que não foram esquecidos. Atualmente, tem 2 filhas e 1 neto, dos quais fala sobre sua história e repassa as lições aprendidas.
Após 30 anos, ele voltou ao seu lugar de refúgio na infância, se deleitando às memórias de um tempo hostil onde teve a oportunidade de lutar por um futuro. O ex-assistido, com seu olhar de gratidão, deixa transparecer, através de um sorriso, a felicidade em ver o lugar onde pode sonhar.
Hoje, AMARE é lar de oportunidades para outras crianças que, assim como ele, lutam pela realização dos seus sonhos.