por Eliete de Carvalho Paiva
Neste ano, AMARE completou 35 anos de fundação. Um homem teve na trajetória da instituição um papel muito decisivo. Era o teólogo alemão Johannes Skorzak, o João Alemão, como ele é conhecido. Embora estivesse se recuperando de uma séria doença (lombalgia com hérnias de disco) que quase o deixou em uma cadeira de rodas, ele concedeu uma entrevista à nossa coluna, que resultou na seguinte entrevista sobre o início de tudo:
“Que início difícil, 35 anos atrás!” – lembra João Alemão (69), respira profundo e procura na memória: “Éramos todos voluntários, formávamos rodas de conversa na sombra de cajueiros, num terreno abandonado na periferia. Enfrentávamos uma sede insaciável, o sol causticante e muita poeira. Sentávamos em troncos de árvores, contávamos histórias, ensinávamos tarefas escolares e jogávamos bola com os meninos. O objetivo era saciar a fome das crianças e protegê-las dos riscos das ruas.
Preparamos as refeições com doações de pessoas de bom coração. Mas logo, a falta de recursos quase parava tudo. Por isso, retornei à minha terra, Alemanha. Lá, eu fiz um apelo urgente a amigos da juventude e comunidades cristãs na minha cidade natal, Siegburg, e região. Eles entenderam e arregaçaram as mangas. É uma bênção que os amigos persistam neste propósito até hoje. Com o passar dos anos, muitas pessoas no Brasil se uniram a eles.” – João fala entusiasmado.
De repente, seu semblante vira sombrio: “Ainda existe um desafio a ser vencido. Manter a chama da motivação acesa e assegurar o chamamento divino exige fé, resiliência e muita dedicação. Não temos o direito de desistir dos meninos e meninas que precisam de nós para recomeçar a vida!” – conclui João, com uma expressão preocupada. Ele suspira demoradamente. Mas, logo ele volta a ter esperança e um brilho aparece no seu olhar. É um brilho que mostra sua imensa gratidão a Deus e a muitas pessoas do bem.
